A formação de tecnologia alimentar constitui um domínio essencial para profissionais que pretendem adquirir ou aprofundar conhecimentos técnicos sobre os processos de transformação, conservação, controlo e inovação na produção de géneros alimentícios. Trata-se de uma área estratégica no setor agroalimentar, abrangendo competências científicas e tecnológicas fundamentais à segurança alimentar, qualidade nutricional, sustentabilidade e conformidade legal dos alimentos destinados ao consumo humano. A tecnologia alimentar integra conteúdos interdisciplinares que cruzam saberes de química, microbiologia, engenharia alimentar, biotecnologia, controlo de qualidade, higiene e legislação alimentar, sendo indispensável para técnicos superiores, engenheiros alimentares, inspetores sanitários, operadores da indústria alimentar e responsáveis pelo sistema de gestão da segurança alimentar.

Esta formação incide sobre o conhecimento aprofundado das operações unitárias da indústria alimentar, como moagem, emulsificação, pasteurização, esterilização, liofilização, desidratação, fermentação, embalamento, entre outras técnicas de processamento que visam garantir a integridade físico-química, sensorial e microbiológica dos produtos alimentares. Um dos focos centrais da formação é a aplicação prática dos princípios do sistema HACCP (Hazard Analysis and Critical Control Points), bem como das normas ISO aplicáveis, nomeadamente a ISO 22000:2018, relativa à gestão da segurança alimentar, e a ISO 9001 no contexto dos sistemas de gestão da qualidade. São igualmente abordadas as Boas Práticas de Fabrico (BPF), Boas Práticas de Higiene (BPH), rotulagem nutricional e regulamentação comunitária e nacional relativa à segurança dos alimentos, com destaque para os regulamentos do pacote higiene da União Europeia.

Durante a formação, os participantes têm oportunidade de explorar os processos de inovação alimentar, como a utilização de aditivos, bioativos, enzimas, tecnologias não térmicas (como a alta pressão hidrostática e pulsos elétricos), bem como a avaliação de novos ingredientes e o desenvolvimento de produtos alimentares funcionais, vegan, sem glúten ou de baixo teor calórico. A formação também promove o conhecimento sobre análise sensorial, rastreabilidade, auditorias internas, gestão de não conformidades, metodologias de amostragem e controlo microbiológico dos alimentos.

No plano legal, a formação de tecnologia alimentar permite compreender as exigências do Regulamento (CE) n.º 178/2002 que estabelece os princípios gerais da legislação alimentar, bem como os requisitos do Regulamento (CE) n.º 852/2004 sobre a higiene dos géneros alimentícios. São ainda abordadas as responsabilidades dos operadores do setor alimentar e as implicações do incumprimento da legislação sanitária e de segurança alimentar, em contexto de inspeções pela ASAE ou entidades competentes. O conhecimento dos referenciais legais é essencial para garantir a conformidade com as normas de segurança e qualidade exigidas no mercado nacional e europeu.

Com uma forte orientação para a empregabilidade, a formação em tecnologia alimentar prepara os formandos para integrar equipas técnicas da indústria agroalimentar, laboratórios de controlo de qualidade, unidades de transformação, empresas de catering, restauração coletiva, comércio alimentar e consultoras na área da segurança e higiene alimentar. Além disso, pode constituir uma mais-valia para profissionais em funções de supervisão, auditoria, investigação e desenvolvimento (I&D), sendo também relevante para técnicos que atuam na certificação de produtos alimentares e implementação de sistemas de gestão da qualidade e segurança.

A crescente exigência do consumidor por produtos mais seguros, saudáveis e sustentáveis, aliada à evolução legislativa e tecnológica do setor alimentar, reforça a necessidade de profissionais altamente qualificados em tecnologia alimentar. Assim, esta formação assume um papel estratégico na qualificação contínua dos recursos humanos da indústria alimentar e no cumprimento dos requisitos legais, técnicos e éticos que regulam a produção alimentar moderna.